domingo, 8 de março de 2009

Rentabilizar a internet no ensino básico e secundário: dos recursos e ferramentas online aos LMS



RESUMO
O sociólogo Manuel Castells escreveu que “A Internet é o tecido das nossas vidas” [1], ao procurar evidenciar a forma como a Internet está cada vez mais enraizada nas sociedades contemporâneas. A Internet está presente nas nossas vidas, a toda hora e a todo o momento, principalmente, com o surgimento da banda larga e dos dispositivos móveis de acesso Internet. Ela ampliou o acesso à informação e à comunicação, reorganizando o modo como vivemos, como comunicamos e como aprendemos, levando-nos à descoberta de novos mundos, e originando, ela mesma, um mundo novo, onde a comunicação, a colaboração e a partilha de conhecimento não tem limites.

Por esse motivo, é imprescindível dar um novo enfoque à educação, preparando os jovens para as exigências de uma sociedade que reivindica, cada vez mais, profissionais reflexivos, investigadores, criativos, participativos e críticos, e onde as tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais presentes.
Neste sentido, as iniciativas governamentais de combate à info-exclusão, como o programa E-escola e, mais recentemente, com o E-escolinha, com a distribuição do tão falado computador “Magalhães”, foram um forte incentivo à integração dos computadores e da Internet nas escolas, tornando-os uma presença incontornável.

Mas a Internet não garante só por si mais e melhor aprendizagem. O aluno tem que saber analisar, seleccionar, avaliar criticamente a informação obtida, e, acima de tudo, relacioná-la, dar-lhe significado. E, por esse motivo, o papel do professor é fundamental. Compete-lhe a ele a responsabilidade de criar ambientes de ensino mais estimulantes e que desafiem a forma de pensar do aluno, “apoiando-o na sua construção individual e colaborativa do conhecimento” [2].

Saber a procurar a informação, saber comunicar, saber colaborar e saber participar na sociedade são, então, requisitos essenciais para que as novas gerações possam vencer nesta sociedade globalizada e concorrencial.
O desafio hoje em dia não é ter acesso à informação, porque, actualmente, tudo ou quase tudo está na rede, mas sim, ter a capacidade para a seleccionar, uma vez que quase nenhuma dessa informação publicada na Internet é sujeita a qualquer tipo de avaliação prévia por parte de editores ou profissionais especializados, nem a quaisquer normas de qualidade. A capacidade de colaboração é outro requisito cada vez mais procurado e que deve ser dinamizado pelo professor no processo ensino-aprendizagem, “ajudando o aluno a distinguir colaboração de cooperação”, porque apesar de semelhantes, estes dois termos são bem diferentes no que diz respeito à forma como o processo de trabalho se realiza.

A WebQuest, a Caça ao Tesouro, são algumas das actividades que fomentam o trabalho colaborativo,” implicando a interacção entre os alunos, a negociação da aprendizagem em curso, a responsabilização pelo trabalho a realizar”, ao mesmo tempo que tiram partido dos recursos existentes na Web.
Além destas actividades, estão disponíveis, gratuitamente, na Web, uma série de outras ferramentas colaborativas e de comunicação, como o blog, o fórum ou o chat, que permitem a publicação, a partilha de informação e o intercâmbio de ideias, de experiências e de culturas, contribuindo para o “desenvolvimento e preparação de cidadãos aptos para a sociedade de informação e do conhecimento”.[2]

Pode-se assim concluir, que “as oportunidades na rede são inúmeras para professores e alunos desenvolverem uma aprendizagem autêntica” [2]. Precisamos apenas, como cidadãos desta aldeia global [4] e, principalmente, como professores, de manter um espírito aberto a adaptável às mudanças tecnológicas, explorando-as e rentabilizando o seu potencial ao serviço da aprendizagem, uma vez que estas ferramentas providenciam aos alunos ambientes interessantes, divertidos e adaptáveis que vão de encontro aos seus interesses e motivações e aonde a aprendizagem é mensurável.


Conectividade e Conectivismo
A Web 2.0, termo criado por Tim O’ Reilly para descrever a segunda geração da World Wide Web, em que a Internet não é mais uma série de páginas da Web contendo informação, mas implica participação, colaboração e partilha de informação, veio, assim, através do desenvolvimento dos denominados softwares sociais, como o hi5, o myspace, o blog, o wiki, entre outros, alterar o modo como a informação é publicada online, a forma como construímos as nossas redes sociais e como construímos o conhecimento, levantando questões de conectividade e conectivismo.

“A conectividade caracteriza o estar do sujeito na rede.” [2]

O Conectivismo é a teoria da aprendizagem para esta nova era digital, assente num conhecimento construído através da rede, das relações que estabelecemos entre as diversas fontes de informação aí disponibilizadas.
Informação essa, em constante actualização, e que exige, cada vez mais, cidadãos críticos, capazes de tomar decisões; de analisar, seleccionar e distinguir entre o que é relevante e irrelevante; de reconhecer que o que hoje vemos como certo pode ser errado amanhã, devido às mudanças resultantes das novas informações.
Assim, “saber o que conectar, a que conectar, passou a ser uma capacidade basilar.” [2]
“O conectivismo apresenta um modelo de aprendizagem que reconhece as mudanças tectónicas na sociedade”, fornecendo “uma percepção das habilidades e tarefas de aprendizagem necessárias para os aprendizes florescerem na era digital. “ [3].

LMS (Learning Management Systems)
Os LMS são sistemas que embora tenham sido concebidos para situações de ensino à distância são muitas vezes utilizados no ensino presencial.
Estas plataformas de apoio à aprendizagem de alunos ou professores, entre os quais, a Moodle, disponibilizam uma série de funcionalidades que favorecem a interacção e a comunicação, síncrona ou assíncrona, entre professores e alunos, como os chats e os fóruns, que permitem a monitorização das actividades realizadas pelos alunos e a disponibilização de recursos de diferentes formatos como texto, vídeo e áudio, e apontadores para sites.
Com esta plataforma ficam ainda salvaguardadas questões de privacidade e segurança, uma vez que para se aceder a uma plataforma isso implica, normalmente, ter uma palavra passe. “Por esse motivo, a informação fica privada ao professor e aos seus alunos, podendo estes constituir uma pequena comunidade de aprendizagem.” [2]

[1] Castells, Manuel. A Galáxia Internet. Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. . Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
[2] Carvalho, A.A. (2007). Rentabilizar a internet no ensino básico e secundário: dos recursos e ferramentas online aos LMS. . Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, 25-40.
[3] Conectivismo: Uma Teoria de Aprendizagem para a Idade Digital. . Em http://www.webcompetencias.com/textos/conectivismo.htm (consultado em 8 de Março de 2009)
[4] Conceito criado pelo sociólogo canadense Marshall McLuhan.

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